Fazer-se ao caminho, com o sol no rosto, olhando a vida de frente, um PERCURSO de vida.
TU QUE AINDA ERGUES NA TUA VOZ
A CERTEZA DA RAZÃO .
FILAS E FILAS DE CORPOS MUTILADOS
Á ESPERA DE JUSTIÇA .
MIÓSOTIS DE LOUCURA DESFRALDADA
NUM DIA DE ABRIL
ESCUTA-ME COMPANHEIRO E IRMÃO ,
ESCUTA-ME PORQUE TU EXISTES .
VAMOS FESTEJAR-TE A VIDA
NAQUELE SÍTIO DO COSTUME
ONDE TE ENCONTREI TANTAS VEZES
A SONHAR .
ZECA II
MORREM-NOS OS POETAS NA CALADA DA NOITE
E DEIXAM-NOS PRÁ AQUI
PERDIDOS
NAS BRUMAS DA NOTÍCIA
NO DESESPERO DA REALIDADE
E SÓ NOS APETECE CHORAR.
GRACIAS A LA VIDA !
PORQUE SÓ A MORTE
NOS DÁ A DIMENSÃO DO EXISTIR !
POESIA OCULTA
OCULTO A MINHA POESIA
NO REGAÇO DA NOITE ,
E DELA FAÇO O QUE QUERO .
POR VEZES SAIO .
VOU ATÉ Á PRAIA
BRINCO NA AREIA
E PARTO PARA LONGE DE MIM MESMO .
O TEU OLHAR
É UM POEMA SEM SENTIDO
E A VIAGEM QUE EU FAÇO NELE , TAMBÉM .
A INDISCRITÍVEL INOCENCIA DAS PALAVRAS .
TRAI-ME .
EXPONHO OS SENTIMENTOS
NO ESTENDAL DA ROUPA
PONHO-LHES MOLAS PARA NÃO VOAREM .
NO CÊU AZUL
GRACEJAM GAIVOTAS
E OS SENTIMENTOS HÚMIDOS
DAS NOITES LOUCAS QUE VIVI
AGITAM-SE COMO CARRILHÕES SONOROS .
QUEM ME DERA AMANHÃS PARA SEMPRE
do autor
PÚBIS
EM CADA OLHAR ,
NO DIA A DIA .
TENTANDO ESQUECER-TE
Ó GAIA ,
MÃE NATUREZA , MULHER FRONDOSA .
ERGUES OS TEUS DEDOS
COMO RAMOS NO CÉU .
E AS ESTRELAS BEIJAM-NOS ,
TAL COMO EU .
DESCANSO Á TUA SOMBRA
SENTINDO A TUA PÚBIS
DE MANSINHO NO MEU ROSTO .
BEIJO-TE O CLITÓRIS
Ó TERRA
E O TEU ORGASMO
BEBO-O .
COMO É BOM VOAR NO ESPAÇO ,
EMBALADO ,
PELO SOM DOS TEUS CABELOS .
Sei os teus seios.
como te amo ó poesia.
Posso dizer-te o indizível , e viajar.
Partir na estrada sem destino
cavalgando mil noites,
sonhando com pássaros de fogo
em florestas de paixão.
Apesar de tudo, e até que a morte chegue
a vida não me desiludiu.
Os homens sim!
Remeto esta carta sem destinatário
para quem a quiser ler.
Amo-te mulher
e não te amo.
Só na imensa multidão
não me quero apaixonar, apenas viver.
Tenho medo de sofrer.
Amar-te sim, como Garcia Lorca
amou a vida.
do autor
Apagar tudo do quadro de um dia para o outro, ser novo com cada nova madrugada, numa revirgindade perpétua de emoção - isto, e só isto,vale a pena ser ou ter, para ser ou ter o que imperfeitamente somos.
Esta madrugada é a primeira do mundo.Nunca esta cor de rosa amarelecendo para branco quente pousou assim na face com que a casaria de oeste encara cheia de olhos vidrados o silêncio que vem na luz crescente. Nunca houve esta hora,nem esta luz, nem este meu ser. Amanhã o que for será outra coisa,e o que eu vir será visto por olhos recompostos, cheios de uma nova visão.
.... sois hoje,sois eu,porque vos vejo, sois o que (serei?) amanhã, e amo-vos da amurada como um navio que passa por outro navio e há saudades desconhecidas na paisagem.
No meu amor canto a Liberdade
de amanhecer contigo em pensamento
e há uma palavra que rima com saudade
e ela tem a força deste forte vento .
No meu amor encanto a liberdade
com as palavras justas no momento certo
e não te minto , se te falo em alvoradas
quando nossas pernas estão entrelaçadas
e nossos corpos navegam enleados
do autor
A POESIA DAS PALAVRAS
NÃO CHEGA PARA DIZER COMO ESTOU FELIZ
POR TE TER ENCONTRADO .
EXPLODEM CAVALOS DE FOGO NO MEU PEITO
VOANDO VELOZES COMO PÉGASOS , NA TORMENTA DAS CORES DO PRISMA .
A TUA AMIZADE É - ME TÃO PRECIOSA
COMO ESMERALDAS NA SUA PUREZA DE MIL BRILHOS .
E O CÊU FICOU UM POUCO MAIS AZUL
APESAR DAS NUVENS QUE O TENTAM ENCOBRIR .
EM VÃO .
HÁ ESTADOS DE ALMA , QUE QUANDO SE VIVEM
SÃO COMO SE FOSSEM CANÇÕES DE MUSAS EM ILHAS PERDIDAS .
E SÓ ALGUNS SONHADORES
CONSEGUEM VIVÊ – LOS .
É PRECISO TER UNS OLHOS LINDOS COMO OS TEUS
DO TAMANHO DO MUNDO
PARA SENTIR . SIM PARA SENTIR .
SENSÍVEL COMO TU , CONHEÇO POUCAS PESSOAS
TRANSMITES –ME UMA PAZ LINDA .
LINDA , ALIÁS COMO TU .
POR ISSO TE AMO CALMAMENTE
DIA A DIA, SEM PRESSAS, INFINITAMENTE
Amar
Que pode uma criatura senão
entre criaturas, amar ?amar e esquecer
amar e malamar,amar, desamar, amar ?
sempre, e até de olhos vidrados, amar ?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,sozinho, em rotação universal, senão
rodar também , e amar ?amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia ?
Amar solenemente as palmas do deserto ,
o que é entrega ou adoração expectante,e amar o inóspito , o áspero,
um vaso sem flor , um chão de ferro ,e o peito inerte, e a rua vista em sonho , e uma ave de rapina.
Este o nosso destino : amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas e nulas ,doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa ,paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito , e a sede infinita.de Carlos Drummond de Andrade
O CORPO , ERÓTICO NA PROXIMIDADE DA ÁGUA
SERÁ UM AREAL ESPERANDO A FÚRIA DA ESPUMA .ATÉ O MEU SEXO FERIR
A SUA CONSISTENCIA APARENTE ,ESTÁ DEITADO E IMÓVEL , DOURADO AOS MEUS OLHOS IMPACIENTES.
TORNAR-SE-Á ENTÃO MAIS AQUÁTICO
REPETINDO O MOVIMENTO REPETIDO DAS VAGASEMBALARÁ O DESEJO QUE O FEZ MOVER-SE
II
ESTÁS COMO UM ANIMAL A MEUS PÉS
E ENTREGAS-TE-ME COMO ÉSA VIDA É SIMPLES E É SIMPLES AMÁ-LA
TUDO O MAIS NÃO PASSA DE CHARADAS :DIALÉTICA NÃO COMPRA AMOR .
SOMOS DOIS ANIMAIS AMANDO-SE SEM CULPAS
E O MEDO QUE SENTIMOS É SÓ O NATURAL .NÃO EMBELEZEMOS A VIDA PORQUE EMBELEZÁ-LA
É RETIRAR-LHE A BELEZA QUE ELA TEM E TU TAMBÉM .Nova poesia brasileira
A poesia não se escreve
só com canetas
também com lápis, aparos a tinta da china
uma fotografia, um óleo que se dá
um som que se torna audível
um passo de dança para além do que é possível
um filme a muitas imagens por segundo
ou uma peça de teatro onde ninguém é todo o mundo.
Tudo isto é poesia.
È tudo, e o mais que houver.
Já que quase nada disse
Já que disse quase tudo.
E torna-se absurdo.
do autor
Quase que já conheço os teus silêncios.
Tudo o que dizes quando calas.
As tuas perigrinações astrais
quando sais do corpo,por momentos
e nos deixas a sós,comuns mortais.
serão silencios prolongados?
São momentos como esses, em que tu “escreves”
com tintas coloridas,
e fazes um mundo diferente só para nós.Quando traças numa folha o teu riscado
presinto o ser de uma pessoa notável
num desenho iluminado,
com um sol ao fundo, e duas almas voláteis.
Àfrica foi uma viagem.
Mais do que isso, uma voragem.
E os quadros que acalentas no sossego do teu lar,
são paisagens soltas.
E se lá voltares dir-te-ão:
“Haisikoti hasilambalawa kefuma
no K'omufuko wendobwa”
( as grandes rãs, ó chuva, saúdam a tua vinda, e as aves aquáticas também”)
do autor
Se a poesia fosse sangue
era só cortar as veias
e deixar-me ir.
O chão manchado de poemas
e o médico legista
que se punha a ler.
Mas a poesia é como fogo
é uma chama e arde sem se ver
é estar contigo na cama
e vir-me em ti e então morrer.
Afogar meu manto de mágoas
em poemas e sémen
que saboreias de gulosa
e ter-te assim tão ditosa
estrofe minha, a mais molhada.
Sentir teu cheiro a sexo molhado
nos meus lábios
e ter-te assim ó poesia.
Como vinho doce, em festa amarga
e uma sílaba em cada palavra
que se estraga.
do autor
O TEJO È O RIO DA MINHA ALDEIA
O Tejo não se escuta
é um silêncio a correr para o Bugio.
Uma calma com gaivotas
e uns pequenos pássaros brancos
que andam no lodo.
O Tejo é o rio da minha aldeia.
Umas centenas de Quilómetros quadrados
cerca de meio milhão de habitantes,
sete colinas e um Castelo,
e a tua casa no meio da cidade.
No meio da cidade não há silêncio,
junto ao Tejo sim.
Vejo poucos barcos.
Os marinheiros estão fechados em escritórios
fechados no betão
no meio das centenas de quilómetros quadrados
onde vive o tal meio milhão.
Onde não há silêncio.
Onde não se escutam as aves matinais
onde se não amanhece.
O Tejo é sem sombra de dúvida
o rio da minha aldeia.
Ruas pequenas, estreitas, de roupa estendida,
onde cheira a fruta
onde habita o sonho.
No meio da cidade
as avenidas engolem automóveis,
vorazes.
È onde se grita o protesto
onde tudo acontece.
No meio do Tejo a paz.
No meio da cidade vende-se amor barato,
e os heroínómanos injectam-se nas calçadas
com o despudor
do século XXI.
Nada de novo,nada de bom
numa cidade tão linda com pedaços apodrecidos.
Escorbuto de vidas
puz de sonhos, auténticos pesadelos.
È esta a cidade, bonita e feia
onde corre o rio que banha a minha aldeia.
do autor
Relembro aqui com saudade o Espaço Cefalópode nas noites de "Reverso da Palavra" com "Roda de Choro"
Noites em que dizia poesia para tanta gente apaixonada pela literatura
Apetece-me
Apetece-me deitar o meu corpo ao mar
e deixar que a tsunami
que me invade o ser e a geografia,
me afogue
lentamente,sem hipocresia.
Apetece-me fugir dos problemas
que me afligem
sem fugir deles, enfrentando-os.
Como o cavaleiro destemido
ou argonauta temerário
fazer da cruz, a cruz de um templário.
Apetece-me um bom copo de vinho
e uma foda a seguir.
Apetece-me fugir
pró Kosovo, ou para o Irão
sem saber porque partir
sem escolher o avião
com o passaporte na mão
e uma mala de cartão.
A fotografia do meu cão
e um livro
e para acompanhar Licor Beirão
O Licor de Portugal.
do autor
Espero que tenha gostado
Quis com este blog unir as pessoas em torno de 3 questões:
Direitos humanos, divulgar alguns movimentos alternativos na área da cultura, do ambiente, do ecoturismo, e pequenas factos relevantes, a que estão ligados amigos, e acima de tudo a poesia que escrevo , e alguma da belissima poesia que se vai fazendo, para manter viva a chama do REVERSO DA PALAVRA, movimento de poetas, ao qual pertenço com muito orgulho, que pretende unir os amigos, e criar correntes positivas.
1 comentário:
Numa tarde fria e chuvosa,finalmente visito seu blog!Leio sobre a Mouraria e vibro com o que vem sendo feito em favor dum recanto que também é meu,pois foi você que me ofereceu esse pedacinho tão lindo ,que pra mim significa Lisboa.
Troquei muitas vezes e continuarei a trocar hospedagens em vários lugares, só para poder disfrutar dessa miscelânia de sons , de cheiros ,de risos e lágrimas que a Mouraria oferece e que um grande amigo comigo partilha...
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